A Prefeitura de Rignano sull’Arno, município situado na província de Florença, suspendeu um funcionário acusado de facilitar o processo de obtenção de cidadania italiana para brasileiros. O servidor em questão se chama Pier Nicola Pelagi, 58, que chefiou o escritório de anágrafe e estado civil (espécie de cartório) da cidade até o último dia 1º de março, quando foi transferido para outro setor.
Segundo as investigações do Ministério Público de Florença, cerca de 40 brasileiros conseguiram obter a nacionalidade italiana graças à ajuda da conterrânea Soraya De Santana Piloto, 46, que, em troca de dinheiro, facilitava o processo por meio de um acordo com Pelagi.
Os brasileiros interessados passavam dois meses morando em uma residência em nome de Piloto e se dirigiam ao cartório, que certificava a moradia sem fazer nenhum tipo de verificação –para os investigadores, tratavam-se de residências “fictícias”.
Tanto a mulher quanto Pelagi foram indiciados por falsificação de documentos.
Interrogado, o ex-chefe do escritório de anágrafe disse que sempre agiu da maneira correta e que os brasileiros tinham ao menos um antepassado italiano e direito de sangue (jus sanguinis) à cidadania do país europeu.
Desde o início do ano, a Justiça da Itália tem feito diversas investigações paralelas sobre irregularidades na concessão de cidadania. Em janeiro passado, um policial foi preso em Lodi, no norte do país, por facilitar a certificação de residência para estrangeiros, principalmente brasileiros.
No começo de abril, o Ministério Público de Teramo, no centro da Itália, deflagrou um inquérito semelhante, mas direcionado especificamente a cidadãos do Brasil. Além disso, no mesmo mês, uma investigação na região da Campânia, no sul do país, descobriu um esquema para facilitar a concessão de cidadania por direito de sangue a cerca de 300 brasileiros, incluindo jogadores de futebol.
Entre os supostos beneficiados estão o volante Bruno Henrique, do Palermo, o meia Gabriel Boschilia, do Monaco, e o atacante Eduardo Sasha, do Internacional. Em todos os casos, as suspeitas recaem sobre cidades pequenas, onde a fiscalização costuma ser menos intensa.
Rignano sull’Arno tem apenas 8,6 mil habitantes e é mais conhecida por ser o município onde o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi passou sua infância e